domingo, 16 de setembro de 2007

O poder do acaso na vida das pessoas

Em l988, eu e minha companheira de mais de 30 anos, Cristina, ambos músicos e professores, decidimos emigrar para Portugal. Assim,de repente, sem qualquer planejamento demorado já que o Brasil estava numa situação insuportável para nossa atividade. Viajamos pela Air Marroc, com escala em Casablanca e Lisboa como destino final. Durante a escala naquela cidade encontramos um outro músico brasileiro, Balú, completamente pirado, que estava indo para Portugal para encontrar alguns amigos no Algarve, sul do país, lugar que não fazíamos a menor idéia do que fosse. Então, depois de alguns dias de permanência na cidade de Lisboa, Hotel Almirante, e uma grata surpresa com suas belezas, Estoril, Cascais, parte alta e baixa da cidade, seguimos numa viagem aproximada de cinco horas, para Albufeira, lindíssimo lugarejo, bem no meio da província do Algarve, no ápice de um verão de 40 graus em fins de agosto, onde havia, sem exagero, mais de 100.000 veranistas. A cidade estava, em todos os sentidos, sufocante. Para qualquer lugar que se fosse,em qualquer horário, andava-se como numa procissão e se esperava mais de uma hora num restaurante para se conseguir um reles almôço. Estavamos nesse sofrimento num restaurante chamado Corcovado de propriedade de um excelente músico gaúcho, Ernesto, mais tarde um grande amigo e companheiro quando, sem mais nem menos, surge um colega que já não via há mais de quatro anos, músico também, para variar, chamado Jair Baptista. Ele havia se casado com Rosi, psicóloga e uma pessoa muito especial, e haviam também decidido se mandar para Portugal. Por interferência desse casal, acabamos permanecendo naquela cidade por quase uma década cimentamos uma amizade que não se desfaz nunca mais, mesmo agora de volta ao Brasil, já que eles lá permaneceram, e que se extendeu a meus filhos, Michel, Danilo e Luana, que foram morar lá mais tarde. Para os meus dois mais novos, Rosi e Jair substituiram a presença dos tios, que lá eles não tinham e, até hoje, quando nos falamos, é visível a suave emoção do contato, ainda que distante. Se tivéssemos ficado em Lisboa, 380 Km de distância, sabe-se lá que rumo teriam tomado todas as nossas vidas.

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